Nesses 4 meses de blogue fiz muitas amizades na blogosfera, conheci pessoas geniais, muitas só por e-mail, twitter e textos nos blogues!
Um deles é o Piazera do Palestra Imortal.
A linha editoria do blogue dele é muito parecida comigo e tem como grande diferencial a PAIXÃO pelo Palmeiras.
Na 3a feira dia 03 li este texto em seu blogue e pedi licença para publicar aqui pois é de arrepiar!
Valeu Piazera!
Sangue
03/11/2009 por Piazera
Só pra eclarecer. Escrevi este texto ainda no domingo após o final do jogo. Por problemas técnicos estou conseguindo postá-lo no blog apenas hoje (terça-feira).
Domingão, sol de rachar, dia de clássico na cidade longínqua em um estado sem futebol. Resolvo assistir o jogo em casa e sozinho. Sem perturbação. Apenas eu, minha cerveja e a solidão. Mas uma solidão premeditada, sem tristeza. Afinal era dia de enfrentar o grande rival e consagrar de vez o tabu infindável.
Pego minha cerveja e parto para a primeira missão: Escolher o canal para assistir.Analiso as opções e escolho a Band. A escalação para transmissão era a que mais me agradava: Luciano “ambíguo” do Valle, “Crack” Neto e “O Deus da razão” Godói. Sim, porque mais que vencer os rivais, eu queria ver o sofrimento adversário. E nada melhor que uma emissora gambambi recheada de torcedores Gambás.
Começa o jogo, somos muito superiores. O silencio na rua reflete a paz que sinto no momento. O gol seria questão de paciência. Busco a segunda cerveja. Pressionamos ainda mais. Os gambás não passam do meio campo. Mas nada do gol sair. Começamos a dar espaços ao adversário. Com aquele calor não seria mesmo possível jogarmos sozinhos o tempo todo.
Vai acabar o primeiro tempo. Bola enfiada no meio da nossa defesa. Falhamos. Marcos sai na bola. É pênalti. E expulsão do Marcos. A coisa começa a ficar feia. Marcos sai de campo. Mas com o semblante sereno e responde à impren$a de forma calma e lúcida. Gordo na cobrança. É gol. Que m…
Então o silencio da rua termina. Ouço uma voz estridente gritar gol e exaltar o craque obeso a todo pulmão. Fim de primeiro tempo. Levanto para buscar outra gelada, mas ouço meu vizinho chamar. Atendo e o maldito pergunta com tom irônico e um sorriso fdp na cara: Que aconteceu? Viu o gol do Ronaldo? Explico calmamente que o jogo ainda não acabou.
Não sei o que acontece. Nunca me vi tão calmo assim. Recomeça o jogo. Falta para o verdão. Figueroa coloca na área e é Gol. O sofrimento estava estampado no grito do narrador. Era perceptível. E começa a saraivada de tiros contra o verdão. Primeiro Neto, que já havia desqualificado o Muricy pela substituição. E depois Godói que insiste em dizer que SE Danilo tivesse sido expulso num lance do primeiro tempo, não teria feito o gol. E todos passam boa parte do tempo falando sobre o “erro” de Muricy e a possível expulsão do Danilo.
De repente, mais uma falha da zaga, bola enfiada, gol do gordo. Começa o inferno. Desde a narração do gol que enfatiza a genealidade e todos os comentários dos súditos do senhor ambíguo, até o novo grito de gol estridente e irritante que vem das ruas. E a narração do jogo acaba. Só se fala de como é genial o atacante dos gols feitos e das enfiadas de bola do argentino gambá. Entre um comentário sobre o novo “erro” do Muricy e a posivel expulsão (aquela lembra?) novo delírio coletivo de louvor ao genial pançudo. Pra piorar meu vizinho enlouquece de vez e começa a cantar, sem parar os gritos de guerra daquela torcida analfabeta, a todo pulmão, como se estivesse no estádio.
A esta altura, resolvo pegar mais uma cerveja. Saio pensativo. O jogo estava difícil, mas não me sinto preocupado. Então entendo o motivo de tanta calmaria em minha alma, sempre tão agitada e ensandecida. As palavras do Santo me vêem à mente: VÃO TER QUE SUAR SANGUE PRA GANHAR DE NÓS!
Volto ao sofá e procuro pelo campo. Nenhuma mancha. Gramado limpo (apesar de feio). E nova falta para o verdão. Novamente Figueroa. Cruza na área. Já grito gol. Tinha certeza. Ouço vindo da rua um Sonoro NÃO, um não desesperado de quem sabia também o que iria accontecer. E dessa vez Mauricio, mortal, no canto. É GOL. Ele corre como louco, com todo time atrás. Sobe no alambrado, que não cai.
Após o empate só me restava uma coisa. Buscar outra cerveja. Sabia que por mais que os rivais tentassem, não fariam o gol. Afinal. NÃO HAVIA MANCHAS DE SANGUE NO GRAMADO. Podia então tomar minha gelada em paz. Mas faltavam alguns detalhes ainda. O pesar nas vozes da transmissão eram evidentes. Isso me satisfazia plenamente naquele momento.
Terminou o jogo. Mandei um chupa enorme pros mini-gambás Luciano, Neto e Dodói. Liguei o som, gritei agora acabou… Vem aqui conversar, vem gambá! Coloco o cd com o hino no aparelho e aumento o volume no máximo. Afinal já faz 3 anos que é assim. No final só tem um vencedor. Sim, empate heróico, jogando com um a menos, no deserto do Saara também é vitória!
VÃO TER QUE SUAR SANGUE!
PS.: E atualizando: Não vejo meu vizinho desde domingo as 17:20. Se alguém souber do paradeiro dele favor ma avisar.
Um deles é o Piazera do Palestra Imortal.
A linha editoria do blogue dele é muito parecida comigo e tem como grande diferencial a PAIXÃO pelo Palmeiras.
Na 3a feira dia 03 li este texto em seu blogue e pedi licença para publicar aqui pois é de arrepiar!
Valeu Piazera!
Sangue
03/11/2009 por Piazera
Só pra eclarecer. Escrevi este texto ainda no domingo após o final do jogo. Por problemas técnicos estou conseguindo postá-lo no blog apenas hoje (terça-feira).
Domingão, sol de rachar, dia de clássico na cidade longínqua em um estado sem futebol. Resolvo assistir o jogo em casa e sozinho. Sem perturbação. Apenas eu, minha cerveja e a solidão. Mas uma solidão premeditada, sem tristeza. Afinal era dia de enfrentar o grande rival e consagrar de vez o tabu infindável.
Pego minha cerveja e parto para a primeira missão: Escolher o canal para assistir.Analiso as opções e escolho a Band. A escalação para transmissão era a que mais me agradava: Luciano “ambíguo” do Valle, “Crack” Neto e “O Deus da razão” Godói. Sim, porque mais que vencer os rivais, eu queria ver o sofrimento adversário. E nada melhor que uma emissora gambambi recheada de torcedores Gambás.
Começa o jogo, somos muito superiores. O silencio na rua reflete a paz que sinto no momento. O gol seria questão de paciência. Busco a segunda cerveja. Pressionamos ainda mais. Os gambás não passam do meio campo. Mas nada do gol sair. Começamos a dar espaços ao adversário. Com aquele calor não seria mesmo possível jogarmos sozinhos o tempo todo.
Vai acabar o primeiro tempo. Bola enfiada no meio da nossa defesa. Falhamos. Marcos sai na bola. É pênalti. E expulsão do Marcos. A coisa começa a ficar feia. Marcos sai de campo. Mas com o semblante sereno e responde à impren$a de forma calma e lúcida. Gordo na cobrança. É gol. Que m…
Então o silencio da rua termina. Ouço uma voz estridente gritar gol e exaltar o craque obeso a todo pulmão. Fim de primeiro tempo. Levanto para buscar outra gelada, mas ouço meu vizinho chamar. Atendo e o maldito pergunta com tom irônico e um sorriso fdp na cara: Que aconteceu? Viu o gol do Ronaldo? Explico calmamente que o jogo ainda não acabou.
Não sei o que acontece. Nunca me vi tão calmo assim. Recomeça o jogo. Falta para o verdão. Figueroa coloca na área e é Gol. O sofrimento estava estampado no grito do narrador. Era perceptível. E começa a saraivada de tiros contra o verdão. Primeiro Neto, que já havia desqualificado o Muricy pela substituição. E depois Godói que insiste em dizer que SE Danilo tivesse sido expulso num lance do primeiro tempo, não teria feito o gol. E todos passam boa parte do tempo falando sobre o “erro” de Muricy e a possível expulsão do Danilo.
De repente, mais uma falha da zaga, bola enfiada, gol do gordo. Começa o inferno. Desde a narração do gol que enfatiza a genealidade e todos os comentários dos súditos do senhor ambíguo, até o novo grito de gol estridente e irritante que vem das ruas. E a narração do jogo acaba. Só se fala de como é genial o atacante dos gols feitos e das enfiadas de bola do argentino gambá. Entre um comentário sobre o novo “erro” do Muricy e a posivel expulsão (aquela lembra?) novo delírio coletivo de louvor ao genial pançudo. Pra piorar meu vizinho enlouquece de vez e começa a cantar, sem parar os gritos de guerra daquela torcida analfabeta, a todo pulmão, como se estivesse no estádio.
A esta altura, resolvo pegar mais uma cerveja. Saio pensativo. O jogo estava difícil, mas não me sinto preocupado. Então entendo o motivo de tanta calmaria em minha alma, sempre tão agitada e ensandecida. As palavras do Santo me vêem à mente: VÃO TER QUE SUAR SANGUE PRA GANHAR DE NÓS!
Volto ao sofá e procuro pelo campo. Nenhuma mancha. Gramado limpo (apesar de feio). E nova falta para o verdão. Novamente Figueroa. Cruza na área. Já grito gol. Tinha certeza. Ouço vindo da rua um Sonoro NÃO, um não desesperado de quem sabia também o que iria accontecer. E dessa vez Mauricio, mortal, no canto. É GOL. Ele corre como louco, com todo time atrás. Sobe no alambrado, que não cai.
Após o empate só me restava uma coisa. Buscar outra cerveja. Sabia que por mais que os rivais tentassem, não fariam o gol. Afinal. NÃO HAVIA MANCHAS DE SANGUE NO GRAMADO. Podia então tomar minha gelada em paz. Mas faltavam alguns detalhes ainda. O pesar nas vozes da transmissão eram evidentes. Isso me satisfazia plenamente naquele momento.
Terminou o jogo. Mandei um chupa enorme pros mini-gambás Luciano, Neto e Dodói. Liguei o som, gritei agora acabou… Vem aqui conversar, vem gambá! Coloco o cd com o hino no aparelho e aumento o volume no máximo. Afinal já faz 3 anos que é assim. No final só tem um vencedor. Sim, empate heróico, jogando com um a menos, no deserto do Saara também é vitória!
VÃO TER QUE SUAR SANGUE!
PS.: E atualizando: Não vejo meu vizinho desde domingo as 17:20. Se alguém souber do paradeiro dele favor ma avisar.
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